Margareth Marconi
01 Sep
01Sep

     Esta semana recebi o contacto de mais uma puérpera com a suas preocupações sobre o aleitamento materno. Entre lágrimas e inseguranças, a dúvida surgiu: “Será que o meu leite é fraco?”

     Essa é uma pergunta que atravessa gerações, e que carrega em si medo, culpa e, muitas vezes, falta de informação. Então, que tal falarmos sobre isso com carinho, mas também com ciência?

O mito do leite fraco

     A ideia de que algumas mulheres produzem “leite fraco” é muito comum, mas não tem respaldo científico. A composição do leite materno pode variar ao longo da mamada, do dia e até conforme a idade do bebê — mas sempre atende às necessidades nutricionais da criança.

     O que pode acontecer é o bebê chorar, mamar em intervalos curtos ou não ganhar peso tão rápido quanto os familiares esperam. Isso costuma ser interpretado como sinal de leite “fraco”. Na realidade, pode estar relacionado a pega inadequada, sucção ineficaz, intervalos irregulares de mamada ou falta de apoio à nutriz.

     Estudos mostram que o leite materno contém a quantidade ideal de proteínas, gorduras, vitaminas, anticorpos e água para o desenvolvimento saudável do bebê.

Verdadeiros obstáculos (e soluções)

  • Pega e técnica correta: interfere diretamente na eficácia da sucção e na produção de leite. Orientação especializada pode fazer a diferença.
  • Apoio emocional: stress, ansiedade ou falta de suporte diminuem a confiança da mãe — e podem impactar a amamentação 
  • Condições de apoio à mãe: apoio familiar, profissional e social (como não incentivar o uso precoce de biberão/mamadeira ou chupeta) favorece a manutenção da amamentação 
  • Rede de apoio: recomenda-se acesso a profissionais especializados (como consultoras de amamentação) e grupos de apoio para mães, especialmente ao sair da maternidade e nos primeiros meses.

Quando procurar ajuda

     Se há dúvidas sobre o ganho de peso ou sinais de fome constante, o ideal é procurar acompanhamento de um profissional capacitado em aleitamento materno. Muitas vezes, pequenos ajustes na pega ou na frequência das mamadas resolvem a situação.

     Se você já pensou ou ouviu que o seu leite é fraco, respire fundo: isso é mito. O seu corpo foi feito para nutrir o seu bebê. O que você precisa é de apoio, orientação adequada e confiança no processo. 

     O importante é saber que você e seu filho estão aprendendo juntos — e isso exige paciência e cuidado.

     Estou aqui para auxiliar neste processo tão fundamental.


Referências / Webgrafia

  • Serviço Nacional de Saúde (SNS): Aleitamento materno contém todos os nutrientes e anticorpos necessários 
  • Estudos em Portugal sobre prevalência e abandono da amamentação (Lisboa, Hospital Santa Maria) 
  • Evolução da prevalência inicial do aleitamento materno em Portugal 
  • Fatores condicionantes em Portugal, taxas e causas de interrupção do aleitamento 
  • Estudo na região do Algarve (2023): dados sobre prevalência e condicionantes do aleitamento maternal
  • Organização Mundial da Saúde (WHO). Infant and young child feeding. Atualizado em 2023.
  • Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Aleitamento materno: recomendações atualizadas. 2022. 
  • Ministério da Saúde (Brasil). Saúde da criança: aleitamento materno e alimentação complementar. Cadernos de Atenção Básica, nº 23.


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